No tempo de Lázaro
Cubano ganha R$ 0,40 por dia e não aceita esmola
13 de novembro de 2011 | 23h 51
Rodrigo Cavalheiro, enviado especial a Cuba
HAVANA - Como na maior parte dos países em que há miséria, os moradores de rua no centro de Havana deixaram de chamar atenção. São a parte viva do mobiliário urbano da capital e podem ser contados às dezenas. Lázaro Macías é um deles, mas não mais um deles. Aos 73 anos anos, vive há 12 sob os arcos dos imponentes e arruinados prédios coloniais da cidade. Mas só há pouco, cerca de quatro meses, começou a caçar latinhas no lixo de hotéis e restaurantes.
Rodrigo Cavalheiro/AE
Lázaro Macías, morador de rua de Havana
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Ele entrou para o time dos que sem saber salvam o mundo. Com cada saco grande que lota, e isso é coisa para um dia de catação, salva seu dia. Lázaro sabe então que tem no bolso 8 pesos cubanos, R$ 0,40. Esse tanto de dinheiro lhe permite poucos luxos. Entre eles, comer um prato de sopa no bairro chinês da cidade - provavelmente o único do tipo no mundo sem chineses.
Sentado sob a sombra de uma árvore, Lázaro trabalha concentrado. São cerca de 15 golpes com o toco de madeira até tranformar a lata em uma espécie de chapa estampada com cores de cerveja – a vermelha, Bucanero, ou a verde, Cristal – ou de refrigerante – centenas de tipos, nenhum de Coca-Cola. Ao seu lado, há dois cachorros. “Não são meus. Não tenho como manter”, explica, cara de quem responde algo óbvio. Volta a socar. O pedaço de pau de cerca de 300 gramas já ganhou o contorno de sua mão, perdeu as felpas a pancadas. Lázaro não muda a frequência, a não ser que alguém se sente ao seu lado a importuná-lo com perguntas. Aí pode perder o ritmo, mas não a paciência.
Aos 73 anos, Lázaro Macías vive há 12 sob os arcos dos prédios coloniais de Havana
Lázaro vive em um tempo particular. Veste uma bermuda preta rasgada, sapatos rasgados, camiseta rasgada e, no pulso esquerdo, leva dois relógios. "Este era do meu pai", explica, apontando o modelo na parte superior do antebraço. É o relógio que o lembra de quem ele foi. De que é filho de Domingo Macías e ganhou a vida entregando água em hospitais em um carro-pipa durante 30 anos.
O outro relógio, descascado, de menor categoria, o lembra de quem é. De que precisa levar as latas ao depósito agora, antes que feche. Cego do olho esquerdo, Lázaro não reclama. "Podia ser pior. Podia não ter o olho direito", sintetiza. Faz uma pausa, para então completar com o pior cenário que lhe vem à cabeça: "Eu podia estar pedindo".
Lázaro, R$ 0,40 por dia, um miserável com sobras segundo a ONU, tem em seu código de honra dois artigos. O primeiro: não pede nem aceita esmola. O segundo: não vende (passou quatro dias de fome e não o fez) o relógio que pertenceu a Domingo Macías, aquele que marca quem ele foi. Aquele que parou de funcionar às 18h30, de uma segunda-feira, de um dia 9 qualquer.
Blog do Buya
Estive em Cuba em l980...No festival Mundial de Teatro...Patrocinado pela Unesco...Nessa época....mesmo com o embargo do Tio Sam...que é perito...em cagadas politicas...encontramos uma Cuba pobre...mas sem miseraveis....Nosso motorista de van...era simplesmente..o campeão nacional de dardos...e simplesmente também...quando minha mulher ...gravida do meu primeiro filho...começou a passar mal.... no onibus que estavamos...o motorista simplesmente...desviou sua rota e nos colocou na frente de um hospital...simples....Fomos atendido...na mesma hora e o médico simplesmente....deu o diagnostico...e simplesmente...também nos deu os remedios....e nós retornamos...simplesmente de taxi...que já havia...sido informado...da nossa urgencia....em retornar ao hotel...simplesmente um hotel magnifico....que servia aos americanos...abastados....com jogos e prostituição....e que fora abolido simplesmente pela revolução....de Fidel e Chê...Claro que o Páis...precisa de mudanças politicas... modernas.....Mas tentar imputar e desmerecer um País....por um detalhe...e que achamos também importante...achamos também..que é muito simples...
ResponderExcluirObservem o banco da praça, parece o da nossa praça .rs
ResponderExcluirOQUE VC. ME DIZ DA CRACOLANDIA? ESTA TAO PERTO , SERA QUE SAO ELEITORES? Pelo jeito no dia da eleiçao em SAO PAULO eles passam a ser cidadoes. POR enquanto sao considerados a nada. ATE OS ANIMAIS SAO PREVILEGIADOS, NAO QUE EU SEJA CONTRA ADORO OS ANIMAIS, MAS ESTAS PESSOAS TAMBEM MERECEM ATENÇAO ESPECIAL POR PARTE DOS GOVERNANTES, AFINAL SOMOS TODOS IRMAOS, OU ISSO SO VALE NA HORA DO VOTO?
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